Evangelho (Mt 23,1-12):
Depois, Jesus falou para as multidões e para os discípulos: “Os escribas e os fariseus se assentaram no lugar de Moisés para ensinar. Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo. Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros, usam faixas bem largas com trechos da Lei e põem no manto franjas bem longas. Gostam do lugar de honra nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, de serem cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de ‘Rabi’.
Quanto a vocês, não se deixem chamar de ‘Rabi’, pois só há um Mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. Não chamem ninguém na terra de ‘pai’, pois só há um Pai de vocês, aquele que está nos céus. Não permitam ser chamados de ‘guia’, pois só há um Guia de vocês, o Cristo. Pelo contrário, o maior entre vocês deve ser aquele que serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.
Reflexão
Hoje, mais do que nunca, é crucial trabalharmos pela nossa salvação pessoal e comunitária, como nos lembra São Paulo, com respeito e seriedade, pois “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,2). O período quaresmal representa uma oportunidade sagrada concedida pelo nosso Pai para que, em um espírito de profunda conversão, revitalizemos nossos valores pessoais, reconheçamos nossos erros e nos arrependamos de nossos pecados, de modo que nossa vida se transforme —sob a ação do Espírito Santo— em uma vida mais plena e madura.
Para nos alinharmos com a conduta do Senhor Jesus, é essencial demonstrarmos humildade, conforme ensina o Papa Bento XVI: “Reconheço-me por aquilo que sou, uma criatura frágil, feita de terra e destinada à terra, mas também feita à imagem de Deus e destinada a Ele”.
Nos tempos de Jesus, muitos buscavam ser vistos, reverenciados: eram pura fantasia, personagens superficiais que não podiam promover o crescimento e a maturidade de seus próximos. Suas ações não apontavam o caminho para Deus; “Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam” (Mt 23,3).
A sociedade atual também nos oferece uma infinidade de modelos de comportamento que conduzem a uma existência frenética, enfraquecendo o sentido de transcendência. Não permitamos que essas falsas referências nos desviem do verdadeiro Mestre: “Um só é vosso Mestre; (…) um só é vosso Pai; (…) um só é o vosso Guia: Cristo” (Mt 23,8.9.10).
Aproveitemos a Quaresma para fortalecer nossas convicções como discípulos de Jesus Cristo. Busquemos momentos sagrados de “deserto”, onde possamos nos reconectar conosco mesmos e com o verdadeiro modelo e mestre. Diante das situações concretas em que muitas vezes não sabemos como reagir, poderíamos nos perguntar: O que Jesus diria? Como Jesus agiria?